as crônicas do sonhador
Crônicas de um Sonhador

As Crônicas do Sonhador | Capítulo 2: Descobertas

Acordei cansado, mas satisfeito por não ter sonhado outra vez com o deserto. Meus músculos doíam com o esforço do dia anterior. Tudo parecia um sonho até ver alguns grãos de areia dourada nos cantos do meu quarto. Estava perdido em meus pensamentos. Tentava encontrar respostas, mas nada parecia explicar o ocorrido. Concentrei-me para ver se tinha de alguma forma o poder de criar areia, não era um poder que achava interessante, mas era algo diferente. Forcei até quase sentir dor de cabeça e nada acontecia. Se fui eu que fiz não conseguia repetir. Era uma mescla de alívio e decepção. Tudo parecia ainda mais confuso.

Tomei banho e me arrumei para ir à escola. Não me importava com a aula, meus pensamentos estavam muito distantes. No colégio encontrei com Julia antes do horário da primeira aula.

— Junior, que cara é essa? — ela me perguntou observando de perto meu rosto.

— Você não vai acreditar no que aconteceu ontem.

Seguimos para um lugar que não tinha alunos no pátio que comecei a relatar minha experiência no dia anterior. Expliquei cada detalhe a partir do desânimo que cheguei em casa. Contei sobre a textura da areia e o inacreditável aconteceu. Ao relatar os detalhes uma porção pequena de areia dourada começou a se formar na minha mão. Ficamos boquiabertos sem entender o que acontecia. Escutei passos se aproximando e guardei a areia no meu bolso com pressa.

— Desculpa se estou atrapalhando alguma coisa.

Olhei para trás e vi que era Ester. Fiquei desconcertado e não consegui responder nada.

— Desculpa novamente. Só queria entregar este panfleto do jornal da escola que vai iniciar este sábado. Seria muito legal se vocês participassem. Até mais — ela se despediu com sua voz doce.

Ela se foi antes que eu conseguisse responder algo.

— Na próxima tenta ser pelo menos educado — zombou Julia rindo da minha cara. — Ficando paradão igual uma estátua fica difícil.

— E- eu… o que aconteceu?

— Não sei, só sei que foi esquisito.

— Da areia ou da Ester?

— Os dois! Como essa areia apareceu?

— Não sei!

Tentei outras vezes e não consegui criar a areia novamente. Não tinha ideia do que fiz de diferente. Subimos para a aula tentando absorver o acontecido.

No limite de tempo para entrar na aula chegou um aluno novo. Sua aparência era ameaçadora. Vestia uma jaqueta de couro, cabelos bem penteados, aparentemente com físico de lutador. Usava óculos escuros e aparentemente não se importava que era contra as regras do colégio, a verdade é que ninguém ligava muito para essas regras.

— Temos um aluno novo — disse dona Valéria, professora de História, quase tão velha quanto os eventos que ensinava. Seu cheiro forte de cigarro me fazia parar de pensar no que havia acontecido antes da aula. Sua voz era rouca e envelhecida — Quer se apresentar, senhor atrasado?

— Não quero — ele disse de forma seca.

A professora recuou receosa, os alunos do Colégio Augusto Torres não tinham boa fama e não era muito seguro contrariar. O aluno novo sentou no fundo da sala e ali ficou até o final, sem dizer uma única palavra.

***

No fim das aulas segui para a casa de Julia, ela havia me convidado para almoçar com a família dela, fazíamos isso às vezes, os pais dela gostavam de mim. Um almoço em família que não costuma ter em casa. Minha mãe trabalhava o dia todo, e meu pai, bem… já não estava mais entre nós. Julia tinha dois irmãos menores. O do meio se chamava Leonardo e era do tipo agitado e implicante e a irmã mais nova se chamava Mariana, uma criança doce, mas com a saúde muito frágil. Eram constantes às idas nos hospitais e internações, tinha uma doença grave que afetava seu coração. A mãe dela dedicava-se a casa quando não estava trabalhando, era diarista e seu pai chegava muito tarde do trabalho. Uma família unida que sempre me acolhera bem.

Almoçamos e fomos ao quarto dela. Precisávamos fazer testes.

— O que você fez quando criou a areia dourada?

— Eu só lembro que estava explicando os detalhes.

— Sim! A textura. Lembrei agora. Tenta de novo.

Fechei meus olhos e comecei a pensar nos detalhes da textura.

— Meu Deus! — ela exclamou— A areia começou a aparecer.

Abri meus olhos e contemplei a minha criação e gostei.

— Vou tentar criar um castelo de areia.

Comecei a imaginar os detalhes e foi se formando na minha frente, mas fui além, pensei nas torres e bandeiras vermelhas surgiram e foi uma nova surpresa. Não era feita de areia, sim de tecido leve. Descobri que não era apenas capaz de criar areia. Continuamos fazendo testes simples e imaginei uma bola de futebol e ela surgiu no ar, mas estava murcha.

— Por que não criou tudo?

— Eu achei que tinha criado. Talvez eu precise imaginar tudo e acho que só imaginei uma parte.

— Tenta essa foto — Julia pegou um retrato que tinha uma foto da família dela em uma viagem.

Comecei a reparar em cada detalhe, fechei meus olhos e imaginei. O porta retrato saiu perfeito, mas a foto saiu estranha e percebi que é difícil imaginar os detalhes dos rostos das pessoas, mesmo os conhecendo bem. E também notei que minhas criações não eram criadas automaticamente, precisava imaginar cada detalhe para ser criado.

— Isso é incrível, Junior!

— Aparentemente eu consigo criar qualquer coisa que imagino…

— É incrível e assustador. Como isso foi acontecer?

— Eu não faço ideia. Talvez tenha a ver com os sonhos estranhos.

Escutamos o barulho de vidro caindo no chão e o choro de Mariana. Corremos para ver o que era e o irmão do meio de Julia, Leonardo, estava destruindo a boneca de Mariana. O copo que ela bebia caiu no chão. A mãe de Julia correu para ver se Mariana estava bem, mas foi apenas um susto. Levou Leonardo para o quarto para castigá-lo. A pequena Mariana chorava segurando sua boneca destruída pelo irmão enquanto Julia limpava o chão. Comecei a imaginar uma boneca parecida em minhas mãos, escondido e a entreguei. Mariana sorriu e me deu um abraço. E nesse momento eu tive uma ideia do que poderia fazer com meus poderes.

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Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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