as crônicas do sonhador
Crônicas de um Sonhador

As Crônicas do Sonhador | Capítulo 4: Investigação

Pensei por várias horas sobre tudo que havia acontecido quando cheguei da escola. Deitado na minha cama me recusava a levantar. Tudo estava acontecendo muito rápido e quanto mais pensava sobre o assunto, mais dúvidas apareciam. Sentia-me forte, algo mudava em mim.

Ter superpoderes é ao mesmo tempo animador e assustador. Pensava em todas as possibilidades e me pareciam infinitas, também pensava nas consequências, o que aconteceria comigo se descobrissem. Poderia confiar em Julia, mas não no aluno novo. Precisava ter cuidado, mas confesso que sentia meu sangue ferver porque me ajudaria a realizar muito dos meus objetivos.

Fazia tempo que não atualizava meu blog, precisava de mais informações. Pesquisava há dias sobre uma facção criminosa que dominava a cidade, mas ninguém ousava expor. Escrevia as notícias que descobria e publicava com anônimo. Eles tiraram algo muito precioso de mim. Sentia que ganhar meus poderes de alguma forma era um sinal que precisava fazer algo. Não tinha a pretensão de ser um super-herói, mas precisava fazer algo para impedir o Comando Alternativo.

Meu celular vibrou e percebi que chegou uma mensagem de Julia.

“Estava aqui pensando sobre o que aconteceu hoje… está ocupado?”

Respondi revelando meu plano de sair para buscar mais informações, estava inquieto. Ela visualizou minha mensagem e me ligou em seguida.

— Junior, por favor, não faça nada precipitado.

— Não se preocupe, vou apenas buscar mais informação com uma de minhas fontes.

— Junior… sabe o quanto isso é perigoso, e se eles forem atrás de você? A vida não é como nos quadrinhos, se você levar um tiro você pode morrer.

— O que adianta ter superpoderes e não fazer o que deve ser feito?

— Mas para isso existe a polícia!

— Sabe que eles não vão fazer nada, não fizeram nada quando mataram meu pai!

— Junior… — escutei a voz dela oscilar. — Não quero que aconteça o mesmo com você…

— Não se preocupe.

— Como não me preocupar? Meu melhor amigo está investigando uma quadrilha altamente perigosa que silencia tudo e todos, com dinheiro ou com… assassinatos. Por favor… Entregue o material que você tem para a polícia.

— Eu já fiz isso, e eles não fizeram nada até hoje.

Ela ficou em silêncio e eu continuei.

— Vou fazer o que é certo. Vou usar meus poderes da melhor forma possível para acabar com essa facção criminosa. Entendo a sua preocupação, mas eu tenho que fazer. Porque se eu não fizer, ninguém vai. E quantas pessoas vão perder pessoas queridas sem elas terem culpa? Me desculpe, Julia, mas eu preciso fazer.

Ela continuou em silêncio e assim permanecemos por um tempo.

— Tome cuidado… — Julia disse com uma voz baixa e triste.

Nos despedimos com um clima melancólico. Não era a primeira vez que divergimos sobre o assunto. Sabia o quanto era perigoso, sabia que as consequências poderiam ser trágicas, por isso postava como um anônimo, mas sabia que era um anonimato bem frágil e isso também me preocupava. Pensei muito sobre o assunto e esperei anoitecer para falar com meu informante.

***

Andei por alguns minutos após descer do ônibus. São Valentim era uma cidade extensa em território e pequena em estrutura. Uma cidade litorânea que não soube aproveitar sua praia. A água era poluída e fétida. Andei pelo calçadão da praia dos namorados, era uma bela visão, perfeita no pôr do sol. Muitos casais aproveitavam a vista, depois de alguns minutos o cheiro não incomodava tanto. Continuei meu caminho por ruelas até chegar onde precisava.

Uma região escura, a maioria das lojas já estava fechada. Comprei dois pacotes de biscoito, um refrigerante e um suco de maça. Na esquina avistei Seu Raul ajeitando seu carrinho de papelão. Um senhor castigado pelas ruas. Estava sujo, com a barba grisalha e desgrenhada. Usava uma toca escura e óculos amarelos que quando me aproximei reparei estarem trincados.

— Boa noite Seu Raul.

— Olá, jovem! — respondeu ele animado.

— Uma bela noite que temos hoje não é? — sentei ao lado do morador de rua e ofereci o suco de maçã que havia comprado. — Me acompanha?

Seu Raul aceitou a bebida com uma festa.

— A lua no céu, as árvores na terra, a água no mar, tá tuuuudo onde deveria estar.

Dividi os pacotes de biscoito, estava com tanta fome quanto ele, nem conversamos muito enquanto comíamos.

— Falar comendo faz mal. — disse Seu Raul.

— Com certeza, dá nem para saborear a comida, prefiro desfrutar do sabor.

— Certo, certamente, certeza! Muito melhor! Muito mais gostoso. Você sabe das coisas, jovem.

— Como tem passado, Seu Raul? O outro te deixou em paz?

— Ô… Ô… Aquele safado! Olha o que ele fez! — Ele pegou seus óculos de lente amarelada com uma das lentes trincada. — Foi uma pedra, ele atacou uma pedra em mim, aquele…

— Por que ele fez isso? Eu vou conversar com ele.

— Não! Não! Não mexe com essa gente não, é perigoso, ele ajuda eles. É perigoso.

Ficamos um tempo em silêncio até Seu Raul começar a cantarolar uma música que não consegui identificar, fiquei apenas escutando. Por um momento senti paz. Estava à vontade sentado encostado em uma parede de uma antiga loja que nunca mais havia aberto as portas, compartilhávamos um pedaço do papelão onde estávamos sentados.

— Como estão às coisas nas ruas, Seu Raul?

— Complicado, uma bagunça, complicado, agitado, tudo isso! Eles estão se movimentando, não está nada bom. Não mesmo.

— Ficou sabendo de alguma coisa nova?

— Só que estão recebendo coisas novas, mas não chegou tudo que deveria.

— Como assim?

— Não se sabe, é o que falam. Todos negam. “Não foi eu!” Todos dizem. Eu que não fui. Eu apenas cato minhas latas, meus ferros, papelões, plásticos. Faço meu trabalho, não falo com essa gente. Você vai querer essa latinha?

— Não, pode ficar.

— Obrigado! — Sorriu de forma tão franca que se pôde ver todos os dentes que faltavam.

— Quer que eu traga outro óculos pra você?

— Quero não, jovem. Obrigado. Tem muita gente que precisa mais que eu. O meu ainda tá funcionando.

— E você tem sentido frio?

— Não, não. Aquelas roupas me serviram bem, pena que o outro roubou quase tudo.

— Vou trazer mais na próxima vez. —dei um beijo na testa do morador de rua e entreguei meu pacote de biscoito para ele. — É desse que você gosta não é?

— É sim, jovem, gosto desse, ele é bom, recheado. Obrigado! — Abriu novamente o sorriso e me abraçou calorosamente.

— Boa noite, Seu Raul. Até a próxima.

— Boa noite. Estarei aqui, se não tiver, estarei em outro lugar.

Seu Raul disse sério, mas não consegui deixar de rir.

Voltei para casa melhor do que quando havia saído. Após tomar um longo banho, sentei na minha cadeira de frente para o computador. Abri as pastas que estavam guardadas as informações sobre o Comando Alternativo. Analisei minhas anotações, fotos, relatos e alguns fatos. E comecei a anotar o que havia escutado somando com o que já havia descoberto.

“O Comando Alternativo está procurando os culpados pela perda do carregamento de drogas do último domingo. Não se sabe quem foi. Não foi confirmada a recompensa para quem achar, ainda é um boato, mas que corre com bastante força. O C.A. está se movimentando com menos cuidado, está mais fácil observar suas ações.”

Após terminar de escrever, guardei na pasta reservada para a investigação do Comando Alternativo e relaxei na poltrona perdido em meus pensamentos.

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Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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