as crônicas do sonhador
Crônicas de um Sonhador

As Crônicas do Sonhador | Capítulo 6: Encontro Inesperado

Cheguei em casa e percebi que a chuva forte não havia chegado muito longe. Morava distante do centro, a torrente se concentrou onde imaginei as nuvens.

A culpa não me deixava em paz. Não conseguia parar de pensar sobre tudo que aconteceu, lembrava de cada sensação que senti ao tocar Ester. O sábado passou arrastado e o domingo ainda mais longo. A ansiedade me consumia, finalmente sairia com ela.

A roupa já estava escolhida, meu melhor perfume separado. Não saberia dizer se era hora de levar algum presente, criar seria a palavra correta, não poderia assustá-la, não deveria ir com muita sede ao pote.

Preferi deixar para outra ocasião. Onde levá-la era minha maior preocupação. Às 18 horas o sol já teria se posto. Tomar sorvete seria muito simples para um momento tão especial. São Valentim não era rico de bons pontos para dias especiais. Não havia shopping grande o suficiente para valer um passeio, nem cinema havia.

Não senti fome, mal comi durante o dia. Chegando a hora me arrumei da melhor forma. Usei o melhor perfume, a camisa mais alinhada para lugares casuais, minha calça jeans preferida, conferi o penteado olhando no espelho uma última vez “está perfeito!” e me senti pronto.

Saí do portão de casa com a confiança mais elevada. Meus passos felizes pararam ao me deparar com Max.

— Eu sei o que você fez e preciso que faça algo para mim e precisa ser agora! — disse Max já ligando sua motocicleta e deixando o motor potente gritar um ronco furioso.

— Agora o quê? Agora tenho um compromisso muito importante. Nem te conheço.

Segui andando para tentar se livrar do motociclista inconveniente, mas ele me acompanhou lentamente andando ao meu lado. Sua motocicleta era uma Harley-Davidson, seu motor era agressivo e a pintura muito bem tratada, ela brilhava com as luzes do início da noite. Me perguntava como alguém que tinha uma moto tão cara estudava em um colégio público.

— Junior não é? Ainda não entendi como você fez, mas eu vi tudo. Se fizer um favor para mim eu esqueço o que vi.

— Você deve estar louco, não sei do que você está falando.

— Sobe! O diretor me fez muitas perguntas e se você não colaborar eu posso mudar o que disse a ele e colocar você como suspeito e acredite, vou fazer de uma forma que não pareça que sou louco. Então pare de se fazer de bobo e sobe.

Fiquei paralisado, pensava em como me livrar do inconveniente, era meu grande dia.

— Hoje não posso. Eu vou te ajudar, mas não posso hoje.

— Sobe agora! É o momento perfeito. Só teremos essa oportunidade.

— Eu tenho um encontro. Não posso deixar de ir.

— Mande flores para pedir desculpa!

— Você não está entendendo? Eu não posso ir! E eu nem sei o que teria que fazer.

— Quando chegarmos lá, eu te falo.

— Me desculpe, mas eu não posso.

Max parou sua motocicleta desceu de forma ameaçadora retirando seus óculos escuros e olhou diretamente para mim.

— Eu não vou falar novamente. Se você não fizer hoje não terá mais chance e eu não iria querer estar na sua pele se eu perder essa oportunidade. Vamos fazer do jeito fácil. Liga para sua namorada e diz que aconteceu um imprevisto e você não poderá mais ir, que sente muito e blá, blá, blá…

Não conseguia pensar em alternativas para me livrar.

— O que vou precisar fazer para me livrar de você?

— Já disse, quando chegarmos eu te explico.

Não acreditava no que estava aconteceu justamente no dia mais esperado, no momento que tanto sonhei. Ester não gostaria nada e talvez não tivesse outra oportunidade como essa, mas subi na garupa da Harley-Davidson de Max e segui com ele para algum lugar que não imaginava onde seria.

Enviei uma mensagem desmarcando o encontro, disse que um imprevisto havia acontecido e que sentia muito, preferi não inventar uma história para ser mais fácil dela acreditar.

Passamos por regiões escuras, senti que perderia meus órgãos, me arrependia de acompanhá-lo, me preparava para me defender usando meus poderes, mas rezava para que não fosse necessário. Max passou por um terreno abandonado, estacionando sua moto em um lugar escondido poucos metros depois.

— Chegamos.

— Como assim chegamos?

— Toma! Coloca isso.

Max ofereceu uma máscara preta de pano.

— Para que vamos precisar usar isso? Você já pode me falar, não acha?

— Não podemos ser reconhecidos. Eu preciso dar o troco a um idiota.

— O que pretende fazer?

— Fazer ele pagar caro pelo que fez. Coloca a máscara e toma cuidado.

— Eu não vou dar mais nenhum passo se você não me contar o que eu vou precisar fazer.

— Preciso que você use seus poderes mágicos para aprontar uma surpresinha para uma pessoa. Vem comigo!

Max entrou no terreno abandonado com cuidado evitando fazer qualquer tipo de barulho. Coloquei a máscara desajeitadamente. O segui de perto nada confortável com a situação.

— Fique de olho aberto. Se escutar qualquer barulho, se esconda imediatamente!

Continuamos andando. As árvores grandes e frutíferas davam uma boa cobertura para uma caminhada noturna e furtiva.

— Chegamos.

Deparei-me com uma pequena ruína de uma casa, já totalmente destruída e corroída pelo abandono. Max rondava a casa à procura de algo que eu não conseguia entender o que poderia ser.

— Acho que não tem nada. Já podemos voltar — disse com a esperança de Max desistir.

— Tem alguma coisa aqui, eles não viriam para cá com tanta frequência.

— Eles?

Max ignorou minha pergunta e entrou no que sobrou da casa. O segui, acreditei que seria mais seguro do que ficar em um terreno abandonado à noite e sozinho.

— Se me disser o que está procurando talvez eu ajude a achar.

— Ajudaria mais se ficasse do lado de fora tomando conta pra ver se está vindo alguém.

Não discuti a alternativa, mas não deixei de observar a casa inabitável. Seus tijolos negros de crostas de sujeira não pareciam receber visitas há muito tempo. As paredes que ainda estavam de pé deixavam apenas uma vaga ideia de como eram divididos os cômodos, quando ainda não estava em estado de ruína.

Possuía um tamanho normal de uma casa humilde com dois quartos. Poucas partes ainda estavam cobertas pelas telhas que se negavam a despencar como as outras.

No chão, percebi algo estranhamente em bom estado, parecia uma entrada para um porão. A madeira estava nova e disfarçada com sujeira. O caminho até ela estava marcado por uma trilha onde a ausência de grama deixava claro que o local era movimentado com frequência.

— Acho que encontrei alguma coisa — alertei.

Max abriu a pequena entrada com dificuldade, teve que usar seu canivete para auxiliar a quebrar o trinco que a mantinha fechada.

A escada irregular seguia para uma sala escura que parecia um depósito. Max ligou a sua pequena lanterna que guardava como um chaveiro e iluminou o caminho andando com cuidado nos degraus fajutos e improvisados.

Me espantei quando cheguei ao final da escada. O depósito estava cheio de caixas e pacotes estranhos, embalados cuidadosamente.

— Como suspeitei, esse é um depósito de drogas. — Max olhou para mim divertindo-se com a descoberta.

Fiquei surpreso sem entender o interesse de Max em descobrir o depósito. Meu medo aumentou ainda mais, agora tinha certeza que minha vida estaria em risco.

— E qual é seu interesse nesses pacotes? — Finalmente reuni coragem de perguntar.

— Você não entende, não é? Essa é uma das bases do Comando Alternativo.

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Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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