as crônicas do sonhador
Crônicas de um Sonhador

As Crônicas do Sonhador | Capítulo 11: Coincidência desagradável

Acordei com uma notícia preocupante. Marcos foi assassinado. Por quem, eu me perguntava. Todos no colégio comentavam sobre o acontecido na madrugada daquele mesmo dia. Havia sido encontrado com três tiros no peito que foram teoricamente feitos pela arma que possuía.

Aconteceu pouco tempo depois dele ter queimado a moto de Max e eu tentava não ligar os pontos e colocá-lo como suspeito. O diretor havia declarado luto e sairíamos cedo naquele dia. Cantamos o hino e foi feito um minuto de silêncio em respeito à vida perdida.

Eu não gostava dele, mas não lhe desejava a morte, o acontecimento mexeu comigo e notei a ausência de Max. Mesmo após quatro dias ele não compareceu às aulas, e sem dar nenhuma notícia.

O Jornal Valente, como foi nomeado, preparava-se para sua primeira edição e sua capa teria uma nota em respeito a Marcos. Todos conheciam sua má fama, mas não era necessário citá-la na nota. Ester escreveu o artigo da capa do jornal, uma matéria interessante sobre o aumento de casos de alunos envolvidos com drogas e quantas vidas eram ceifadas por isso.

Suspeitavam que este poderia ter sido o motivo da morte de Marcos, poucos sabiam que ele estava envolvido com o Comando Alternativo, mas sabiam que era envolvido com assuntos ilegais. Em São Valentim pouco era comentado sobre o Comando Alternativo, muitos tinham medo e outros não se importavam, haviam tantas facções criminosas e ela seriam apenas mais uma.

Escrevi uma matéria sobre a chuva forte e os impactos na cidade, estava sem criatividade e foi um assunto fácil de escrever. Ao final da reunião de comemoração da primeira edição do jornal, que foi publicado online. Me aproximei de Ester e ela logo disse:

— Precisamos marcar nosso primeiro dia de estudos extras, o ano mal começou e eu não estou entendendo nada de Matemática.

— Vamos sim — respondi surpreso com a iniciativa dela. — Podemos marcar para amanhã, o que acha?

— Amanhã… sexta né. Estou livre depois das cinco horas. Pode ser?

Confirmei demonstrando mais animação que gostaria. Marcamos na praça próximo a praia, teria mesas e uma boa vista.

— Ouviu o que estão dizendo sobre a morte de Marcos? — ela perguntou.

— Só o que todo mundo já sabe.

— Estão dizendo que viram ele conversando com o diretor um pouco antes dele ser encontrado morto.

— Não acredito nisso. O diretor parece ser boa pessoa.

— São os que parecem ser bons que precisamos ter cuidado. Ele já fez coisas suspeitas. Lembra do motivo que ele foi expulso do exército, né? Tem alguma coisa de errado nessa história.

— Acho que podem ser boatos maldosos. Muitos aqui nessa escola não gostam dele por ser muito rígido, mas eu acho que o colégio está melhorando de alguma forma.

— Também acho que está melhorando, mas essa história está muito estranha, vou investigar mais sobre o assunto.

— Tome cuidado, ouvi dizer que Marcos estava envolvido com coisas erradas.

— Sou uma jornalista e, o perigo faz parte da minha profissão — ela riu de forma franca e se despediu após ouvir o toque do sinal indicando o fim do intervalo.

Confesso que fiquei receoso. O Comando Alternativo pode ter punido Marcos pelo carregamento de drogas que perderam por minha causa, muitas eram as possibilidades e eu poderia ser o culpado por algumas.

Voltei para casa e recebi outro e-mail.

“Vi que não tirou o blog do ar, tragédias vão acontecer e você não poderá mais impedir.”

Assinado como “O Chefe”. E assim percebi que não poderia ser uma mensagem do primeiro nome da minha lista de suspeitos. Fiquei apreensivo e preferi não pensar muito sobre o assunto, rezava para ser apenas uma ameaça vazia.

***

Senti como se uma eternidade havia passado antes de chegar o dia de me encontrar com Ester. Me arrumei bem, coloquei minhas melhores roupas casuais, não sabia se nossos encontros seriam regulares, precisava aproveitar todas as oportunidades. Cheguei no local determinado muito cedo, estava ansioso e não consegui esperar a hora para sair. Observava o mar, mesmo poluído era belo. O vento soprava fresco e úmido, um dia agradável de verão.

Balançava minha perna em sinal de ansiedade, passou dez minutos do horário e sem sinal de Ester. Passou mais quinze e enviei uma mensagem para ela perguntando se estava a caminho. Sem sinal de resposta da parte dela, começava a ficar preocupado. Sem respostas, minhas ligações não concluíam, como se o celular dela estivesse desligado.

Meia hora se passaram e eu comecei a me conformar. A noite dava seus sinais e eu preferi continuar esperando, ela poderia estar atrasada apenas. Mais uma hora havia passado e não teria dúvidas que ela não viria.

Voltei para casa desanimado, passei em frente ao colégio e tive uma visão preocupante. Fumaças negras subiam ao céu. Me aproximei e percebi que um incêndio se espalhava pelo colégio. Alunos corriam assustados pelo portão de entrada, o turno da noite estava em aula quando aconteceu. Corri para dentro e notei que os bombeiros não estavam presentes.

Criei uma máscara para me proteger da fumaça e corri contra o fluxo de pessoas fugindo e subi a rampa para o primeiro andar.

Notei que estava vazio, aparentemente todos conseguiram escapar. Subi até o segundo andar e vi o diretor tentando apagar o fogo com um extintor, estava com uma camisa no rosto, mas tossia forte. Imaginei a areia dourada para abafar as chamas e elas se formaram. Com suavidade elas se alastraram até os corredores e o fogo havia desaparecido.

O diretor ficou paralisado tentando entender o que acontecia diante dos seus olhos e eu fugi antes que ele pudesse me ver. Apaguei as chamas do primeiro andar da mesma forma e corri para o pátio. Tirei minha máscara e me misturei na multidão.

Aproveitaria a lenda do fantasma de areia do banheiro do segundo andar, sabia que era questão de tempo para o fato misterioso ganhar versões cada vez mais extravagantes e assim a verdade seria diluída e não passaria de uma lenda urbana bem estranha.

O colégio ficou em estado deplorável, as chamas destruíram grande parte das salas. O que me intrigava era que não parecia um incêndio comum, as chamas pareciam iniciar ao mesmo tempo e em todo o colégio, parecia um incêndio criminoso e suspeitava que era a conclusão das ameaças que recebi por e-mail.

Poderia ser uma coincidência desagradável, mas o Comando Alternativo era inescrupuloso a esse ponto. Pensava se fossem eles os responsáveis, se pararia com este incêndio e, temia que não fosse o fim das tragédias como escrito no e-mail.

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Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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