Memórias de um soldado
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Memórias de um Soldado #7: O ataque

Eles entraram no alcance de nossas flechas. Corriam em nossa direção em uma disparada rápida. Nossas flechas cruzavam o ar e acertavam os inimigos. Muitos caíram com nosso primeiro ataque. Iori acendeu o óleo e começamos a alvejar o inimigo com flechas incendiárias, torcendo para o fogo se espalhar. O fogo fez os inimigos recuarem por um instante, alguns gritavam da dor provocada pelas queimaduras.

Iori era o melhor arqueiro, atirava duas flechas no tempo que eu atirava uma. Ficou na direção do norte, eram mais inimigos e ele atirava flechas sem parar.

Eu fiquei responsável por guardar o portão do alto da torre. Eram menos inimigos, mas não estava sendo fácil. Subiam as pedras que circulavam a torre e se abrigavam nas elevações, se espalhavam para dificultar minha tarefa.

O Capitão mal conseguia ficar escorado na parede para arremessar virotes com sua besta, era lento para armar para um segundo disparo, mas estava se esforçando.

Lyunis não era um bom arqueiro e usava também uma besta de mão. Nem todas os seus ataques abatiam os inimigos.

Ainda estávamos protegidos do avanço dos inimigos pela parede de fogo em volta da torre e eu senti um vento passar rápido próximo do meu rosto. Disparavam flechas contra nós. Estávamos protegidos pelas paredes de pedra, mas ouvi Lyunis gritar de dor. Uma flecha acertou seu ombro esquerdo. Ele urrou de dor e amaldiçoou todas as gerações futuras de seus inimigos. Pegou sua besta e voltou a atacar gritando e xingando tudo e todos. Devia estar sentindo uma forte dor.

Durante uma saraivada de flechas eu escutei os primeiros pingos de chuva, não demoraria muito para nossa parede de fogo se desfazer.

— Maldita chuva! — gritou o Capitão vendo a chuva ficar cada vez mais forte.

Os inimigos conseguiram se aproximar da torre por todos os lados e tentavam arrombar o portão. Escutamos gritos desesperados de dor e percebi que Arvih havia despejado óleo quente nos primeiros que forçavam contra sua barricada. Mas logo voltamos a ouvir batidas no portão, e ele não resistiria muito.

— Precisamos avisar do ataque — gritou o Capitão. — Nossa ave foi abatida, alguém precisa ir.

— O garoto! — disse Iori sem deixar de disparar suas flechas. — É a melhor opção. Ele é o mais novo e tem mais perna para correr.

— Não vou deixar vocês aqui — neguei a opção.

— Nós não temos chances! Só estamos adiando o inevitável. Pare que questionar. É uma ordem. Você vai escapar e avisar do ataque. O inimigo não pode avançar por nossas terras. Os estragos vão ser devastadores — o Capitão tossiu, já não lhe restava muitas forças.

— Todos nós podemos escapar. Só precisamos ir para a floresta — insisti.

— Fique quieto e escuta o que vou dizer — o Capitão parou de arremessar seus virotes e olhou diretamente para mim. — Nós somos apenas sentinelas. Nosso dever é alertar qualquer sinal de avanço de tropas inimigas, e vai ser isso que vai acontecer. Então escute com atenção: Você vai pegar o maldito cavalo e vai correm em direção a fortaleza. Não será fácil, pode ter certeza disso, mas você precisa conseguir. Não pare para descansar até o final do segundo dia. E vá pela floresta. Informe tudo ao Capitão Morkei, ele é um idiota, mas vai saber o que fazer. Diga que vimos apenas a ponta do exército inimigo e eles chegarão na fortaleza logo em seguida. E tome cuidado. Essa é uma ordem, soldado!

— Sim, senhor — respondi com um aperto no peito.

Iori me olhava com uma expressão de despedida. Queria que tivesse outra opção, não queria deixá-los ali.

Escutamos batidas fortes na porta, parecia o som de um aríete. A madeira trincava e somava ao som da chuva cada vez mais forte. Iori assumiu o posto que eu estava e começou a acertar flechar nos que se aproximavam do portão. O Capitão voltava a atacar e deu sua última ordem:

— Desçam e preparem a fuga dele. Eu cuido desses malditos daqui de cima.

Nesse momento escutamos um forte estrondo, era o som do portão sendo destruído. Eu, Iori e Lyunis descemos as escadas com pressa. Lyunis estava ensanguentado, mas seguia firme atrás de nós. Quando chegamos na parte de baixo vimos Arvih arremessar lanças em quem tentava passar. Os inimigos abriram um espaço no portão suficiente para passar um de cada vez, e Arvih aproveitava para os acertar. Os inimigos pulavam os armários e entulhos que colocamos para tampar a passagem, era necessário escalar a pilha de madeira. Iori ajudou Arvih arremessando suas flechas certeiras. Continuavam batendo no portão e cada vez mais a fresta aumentava.

Comecei a preparar o cavalo e Lyunis saiu com pressa até a cozinha. Iori explicou a ordem do Capitão a Arvih e ele se preparou.

A torre de vigia tremeu com um forte impacto. E percebemos que havíamos sido acertados por uma catapulta.  Algumas pedras caíram sobre nós e percebemos que a metade de cima da torre havia sido destruída. Só pude gritar:

— Capitão!

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Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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