Memória de um Soldado
Histórias,  Memórias de um Soldado

Memórias de um Soldado #8: Sem olhar para trás

A poeira começou a baixar. A escada estava obstruída por pedras, mas não havia tempo de lamentar a morte do Capitão, precisava seguir sua ordem.

Arvih continuava lutando contra os inimigos que invadiam a torre, a entrada estava mais larga e Iori tentava o ajudar, mas cada vez mais inimigos entravam. A cabeça de Iori sangrava, uma pedra havia o acertado, mesmo assim ele continuava firme.

— Aqui, comida para cinco dias — Lyunis voltava com as porções. — Racione ao máximo, como uma vez por dia. Vá pelo centro da floresta, vai ser mais fácil de despistar eles.

— O cavalo já está pronto — disse e agradecia por terem lembrado que colocar o cavalo para dentro.

— Não vá pela estrada, não até despistar esses malditos — recomendou Lyunis.

Subi no cavalo e me preparei para escapar. Meu coração estava apertado, não queria deixá-los ali. Arvih abria caminho, os inimigos empurravam os entulhos para entrarem, era minha rota de fuga. Arvih avançava com bravura usando toda a sua habilidade com a espada, com muito mais intensidade que via em seus treinos. Uma disparada heroica, Iori o dava cobertura com suas flechas. Meu cavalo estava assustado com os gritos e eu o acalmava esperando a oportunidade de escapar. Mas uma flecha atinge a barriga de Arvih e o fez apoiar sobre seu joelho.

O portão ainda estava cheio de inimigos que impediam a minha saída. Vi se aproximarem de Arvih para matar o bravo soldado, e o primeiro foi morto por uma flechada no pescoço, mas o segundo saia da cobertura criada por seu aliado abatido por Iori e avançava contra Arvih que tentava ficar de pé. Sua espada desceu na direção do soldado, mas bateu no escudo de Lyunis que gritou de dor. Segurava um escudo com seu braço ferido e com uma espada na mão, gritou e avançou contra os inimigos para terminar o que Arvih começou.

O cozinheiro disparou até a porta e eu o segui. Foi alvejado por várias flechas e tombou sem vida ao sair do portão empurrando seus inimigos com seu peso. Os arqueiros estavam a minha frente. Os atropelei com raiva com minha disparada à cavalo. Um arqueiro mirou seu arco contra mim, mas foi parado pela flecha de Iori que estava no portão acertando quem tentava me acertar. Ainda em minha disparada ouvi o som do grito de Arvih que havia levantado para terminar sua missão. Corria em direção aos inimigos do lado de fora da torre. Os atrasavam e eu continuava em direção a floresta.

Ouvi pedras sendo arremessadas contra a torre. Estava distante para ver o que estava acontecendo, mas acredito que nem mesmo os invasores teriam sobrevivido. Não restava muitos inimigos onde eu estava. A investida dos meus companheiros abriu caminho no cerco. Corri sem olhar para trás. O que me restava era cumprir meu dever e fazer com que o sacrifício deles não fosse em vão. Não olhei para trás. Quando cheguei na floresta eu chorei, mas sem deixar de cavalgar. O terreno era difícil, não conseguiria seguir a toda velocidade, mas continuei. A chuva ficou mais forte. Não escutava meus inimigos, sem saber se estava sendo perseguido eu avancei. Precisa sobreviver, não apenas por mim.

Lembrava de como foram meus dias na torre. Não haveria tempo para me despedir e muito menos para viver meu luto.

Avancei, sem olhar para trás, avancei. E sentia que não tinha terminado.

Próximo Capítulo

Capítulos

Ajude o projeto a continuar adquirindo o livro: A Era dos Titãs. Disponível na Amazon.

Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

Um comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *