01-03 – A Última Jogada | Dante | SÉRIE
Daniela o olhou com o rosto carrancudo.
— Dante, seu miserável! Pensei que não fosse vir no treino — cumprimentou Juan.
— É um traste, mesmo — disse Daniela mal-humorada.
— É um fanfarrão — brincou Juan. — Só chega depois da parte física.
— Vocês sabem que eu não preciso disso — Dante respondeu de forma displicente.
— Dante, troque de roupa e corra vinte minutos. Já vamos começar o jogo treino — disse a treinadora com a expressão séria.
— Qual foi, Dani. Vinte minutos?
— Se demorar vai ser vinte e cinco.
— Pode ser vinte voltas na quadra?
— Pode. Mas em ritmo acelerado.
Dante trocou de roupa enquanto sua irmã fazia alongamentos do lado de fora da quadra, ela também teria que jogar para completar o time. Ele partiu em uma disparada, seu ritmo acelerado na corrida fez os outros jogadores pararem para observar.
— Ele não é humano… — disse Sid de uma forma que só eu consegui ouvir.
Não demorou muito para ele terminar as vinte voltas e pareceu não estar cansado, mesmo correndo ao máximo que conseguia.
— Agora é a hora que eu detono vocês e vou pra casa — disse ele pegando a bola nas mãos de Gringo e acertando uma cesta de longe. — Aprendeu, Italianinho?
— Desculpa, mas acho que me distraí na hora.
Dante cumprimentou dando um tampa nas costas do jovem e Gringo retribuiu com uma cotovelada em sua barriga.
— Vamos tirar o time aqui — voltou a dizer Dante com gestos espalhafatosos no meio do garrafão. — Eu, Gringo e Juan contra o resto.
Saulo parecia desconfortável com a atitude de Dante, mas preferiu silenciar, apenas deu as costas e foi beber água. O capitão do time desaprovava cada atitude de Dante, e parecia uma irritação antiga.
O apito da treinadora soou forte e se espalhou pelo ginásio.
— Todos reunidos aqui, rápido!
— Ah não, Dani, sem sermões motivacionais. Vamos só jogar.
— Você não sabe o que é respeito? — disse Saulo com o tom de voz firme olhando para Dante. — Quando você vai aprender a se comportar adequadamente?
Dante olhou com as mãos na cintura para o capitão e sorriu.
— Então vamos ouvir o que minha irmãzinha tem a dizer, senhor capitão — zombou.
— Sentem-se! — Ela começou a dizer em voz firme. — Dante, nós vamos conversar quando acabar o treino — ela fez uma pausa e continuou — Esse primeiro treino foi para que vocês desenferrujassem. Vamos intensificar a carga de treinamento gradativamente. Já temos um jogo amistoso marcado esse mês, precisamos voltar à forma o mais rápido possível. E em breve já vai começar o intercolegial. Eu quero que todos vocês levem o treino a sério, sem reclamações se possível!
— Isso é impossível para Juan — brincou Gringo.
— Muito bem, vocês agora vão fazer um rachão quatro contra quatro usando a quadra toda. Saulo, Dante, Sid e Juan de um lado; Eu, Big, Gringo e Gabriel do outro. Quero que joguem sério e peguem leve apenas com o novato.
O jogo treino começou com a bola nas mãos de Daniela que instruía o time de como deveria se posicionar. Quicava a bola com agilidade chamando seu marcador para o confronto. Passou de Juan com uma arrancada rápida. Pulou para o arremesso, mas vendo a marcação se aproximando no ar, passou para Gringo que estava na lateral da quadra pronto para o arremesso. O jovem caprichou na mecânica do móvito e a bola viajou no ar, porém, com um toco, Dante impediu que a bola prosseguisse. A bola quicou no chão após ser golpeada e Juan pegou o rebote passando de costas em direção ao ataque. Com velocidade, Dante recebe o passe e corre em direção à cesta fazendo uma enterrada agressiva. Cravou os pés no chão e fez uma pose com os braços abertos.
— Gostou dessa, Daninha?
— Para de ser exibido, Dante.
— Não consigo, é mais forte que eu.
O jogo recomeçou com o meu time e a troca de passes ofensivos fez com o que a bola chegasse nas minhas mãos e eu não soube o que fazer. Travei a bola e olhava para o lado para encontrar uma chance de me livrar dela. Daniela se apresentou para receber, e passei, mas não percebi a aproximação de Dante que antecipou o passe, e correu em uma disparada em direção a cesta, Gringo tentou impedi-lo, mas ficou para trás após ser driblado com facilidade. Dante enterrou outra vez, só que dessa vez de uma forma displicente.
— Melhorou, Daninha? Com humildade perde a graça.
O jogo continuou e sem dificuldade o time de Dante abriu uma vantagem de 12 a 4. Seu time parecia não errar nenhum ataque, e a defesa muito eficiente, com Dante bloqueando a maioria das nossas tentativas. Estava em outro nível, parecia um jogador profissional.
Dante conduzia a bola em um novo ataque. Seus companheiros pareciam só atrapalhar, não olhava para os lados, passar estava fora de cogitação. Saulo economizava energia e nem avançava para o campo de ataque, sabia que não receberia a bola. Dante passou de sua irmã usando o corpo para bloqueá-la, partiu em direção a cesta, mas eu apareci na frente o pegando desprevenido, desequilibrou e com a bola fora de seu controle, consegui tocá-la a afastando para fora da quadra.
— Novato! — Exclamou Gringo. — Parou Dante. Ótimo trabalho.
Recebi o cumprimento de Daniela e os outros companheiros de time.
— Muito bom — aplaudiu Saulo.
— Passa a bola logo, mané — disse Dante para Juan enquanto ele colocava a bola em jogo.
O melhor jogador do time estava claramente irritado por ter perdido a bola, quicava a bola com força, pensando em como poderia fazer a cesta.
— Está perdendo a forma, Dante — Zombou Gringo. — Perdendo a bola para quem começou hoje.
Dante acelerou o ritmo e infiltrou o garrafão enterrando mesmo sob a marcação de Big.
— Foi sorte — disse após pousar no chão.
O jogo terminou 24 a 13 para o time de Dante que parecia recuperado o humor.
— Isso é tudo por hoje — disse Daniela. — Quarta-feira teremos mais treino e começaremos a trabalhar tática.
Os jogadores trocaram de roupa, me cumprimentaram elogiando meu esforço e por ter entrado no time. Me senti em casa, percebi o porquê Sid não queria sair do time, era um bom ambiente, agradável para estar. A única presença que destoava da harmonia era Dante, que parecia distante de todos, com um ar de superioridade, apenas Gringo e Juan conversavam com ele, enquanto Saulo evitava olhar em sua direção. Pedi autorização para a treinadora para ficar mais um pouco para treinar arremessos, algo que a deixou muito satisfeita.
— Queria que todos tivessem essa iniciativa — disse ela.
Continuei arremessando após me despedir de meus novos companheiros de time. Talvez eu não estivesse interessado em treinar de fato, não queria voltar para casa e ter que olhar para meu pai, sabia que não seria fácil. Entre uma tentativa e outra comecei a escutar gritos que pareciam uma discussão.
— Você é um retardado exibido, vaidoso, e um grande idiota! — Daniela saia dos vestiários gritando com o irmão que a seguia irritado.
— E você que acha que esse time lixo vai ser alguma coisa. É uma burra e fica dando falsas esperanças para esses lixos. Esse time não vai a lugar nenhum. Ninguém sabe jogar. Tenho que fazer tudo sozinho. Sem mim eles não fariam nem 10 pontos em uma partida.
— Você é um individualista. Quantas vezes você passou a bola hoje? Quantas? Nenhuma! Você não sabe o que é ser um time! Você deveria jogar golfe, assim não ia ter um time para você atrapalhar.
No meio da discussão Dante percebeu a minha presença e me desafiou para um jogo de um contra um.
— Deixe ele em paz! — alertou Daniela.
— Não tenha medo, novato. Eu e você. Um contra um, rápido. Se você ganhar eu prometo passar todas as bolas.
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Um comentário
Deus Odin
Dante VS protagonista, o protagonista sempre vencer no final.