Memórias de um soldado 1
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Memórias de um Soldado #1: A chegada a Torre

Foram muitos anos de treinamento com soldado e cinco dias de viagem para chegar a torre de vigia. Ficava no lugar mais afastado do reino, o destino que diziam ser para os fracassados. Me perguntava o que fiz para merecer ser enviado para lá.

Havia completado minhas dezoito primaveras no dia anterior. Estava temporariamente na fortaleza vizinha ao meu destino afastado.

Caminhei junto com dois guias pelos cinco dias e eles não cansavam de zombar dos que estavam servindo na torre. Diziam ser o serviço mais inútil e chato de todo o reino. Confesso que esperava o pior.

Quando finalmente chegamos, vi que não era uma torre muito grande, toda feita de pedra, com espaço para dormitórios e talvez uma despensa, havia uma modesta horta, e um cavalo no estábulo, havia outros cômodos, mas na hora não consegui perceber. Fomos recebidos por um homem baixo, barrigudo e com um nariz largo. Uma barba mal feita e um olhar carrancudo.

— Ei, Lyunis! — gritou um dos guias — Temos um presente para vocês.

O outro guia riu e eu percebi que se referiam a mim.

O que chamaram de Lyunis me olhou com desdém e bufou de desanimo.

— Mais um perdedor — disse ele virando as costas.

Me despedi dos guias e de certa forma estava aliviado por não estar mais na companhia deles.

— Ei, garoto, você é médico? — o homem carrancudo me perguntou.

— Não, senhor. Fui treinado para vanguarda.

— Está vendo Iori — disse ele a outro soldado que descia as escadas — pedimos um médico e nos mandam um garoto! Desistiram de nós. Malditos mil vezes!

— Não liga para ele, é que está mal-humorado hoje — disse Iori me cumprimentando e eu me apresentei a ele. — Bem-vindo a torre de vigia Aganon, nos limites do grande reino decadente de Malgar — falou com uma pompa exagerada para fazer graça. — Venha vou te apresentar os outros.

Subimos ao alto da torre e eu vi que a vista era ampla, uma vasta planície para todos os lados. Florestas ao longe rodeava os limites que a visão alcançava. De prontidão estava um soldado alto e com um semblante sério.

— Este é Arvih, o melhor entre nós. Arvih! — Gritou ele chamando a atenção do soldado. — Esse é o garoto. — Ele é um pouco distraído, não se preocupe.

Recebi os cumprimentos do soldado e me apresentei.

Iori me levou para o interior da torre e parecia maior vista por dentro.

— Aqui está o capitão.

Ele abriu a porta e eu senti um cheiro forte de mofo se espalhar pelo ar. Vi deitado na cama um homem em estado bem debilitado, um olhar fundo, pálido, cabelos já grisalhos e com muitas rugas, mas não parecia ter idade avançada.

— Ele está com uma doença que não sabemos como curar.

— Por isso Lyunis perguntou se eu era médico — comentei.

— Exato! Pedimos um médico, porque não sabemos quanto tempo nosso capitão vai resistir neste estado. Estamos cada vez mais preocupados, e não conseguimos levar ele para a fortaleza que você veio, ele não resistiria a viagem. De fato fomos ignorados.

— Pare de reclamar, Iori — disse o capitão. — Eu estou ouvindo esse lamurio. Só eu tenho permissão para reclamar aqui. Bote o garoto para trabalhar, porque parado já basta eu.

Apresentado a todos da torre de vigia, fui encaminhado para guardar minhas coisas no dormitório. A noite seria minha primeira vigília. E todos disseram que não haveria nada para vigiar, porque ali não acontecia nada. A torre ficava localizada na divisa com um reino vizinho, que era a muitos anos aliado do nosso reino. Além de ser um reino pequeno com pouca força militar.

Estava sozinho, passaria quatro horas de vigia, e a noite parecia calma. Não acontecia nada, mal o vento balançava as árvores no horizonte. Decidi começar a escrever meus relatos nesse momento, era uma forma de passar o tempo e pretendo relatar em minhas memórias tudo como realmente aconteceu.

Escrevia enquanto vigiava, o sono já começava a me alcançar.

Olhei o horizonte e não sei se era minha imaginação ou o sono, mas juro que vi alguém andando pela floresta, como se observasse algo. Estava longe demais para ter certeza de qualquer coisa. Mas poderia jurar que vi algo.

Não consegui mais relaxar, fiquei minhas horas de vigia em alerta máximo, mas nada aconteceu. Não sabia se deveria acordar os outros, imaginava que se fosse um espião inimigo… Mas diziam que nunca acontecia nada naquela torre. Será que logo na minha primeira vigília algo mudaria, não poderia acreditar. Mas se fosse verdade?

Esperei para ter alguma confirmação antes alertar os outros. Fiquei tenso durante toda a noite. E finalmente meu horário de vigia terminou e era a vez de Iori. Relatei o que havia visto e ele disse que deveria ser apenas um animal, que acontece as vezes.

Mas eu ainda achava que tinha visto uma pessoa…

Fui dormir, mas não consegui relaxar.

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Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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