Ronin Thunder
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Ronin Thunder | Capítulo 1: Ronin

No fundo de sua alma havia o vazio, a falta de duas presenças importantes. Duas silhuetas familiares formavam-se a sua frente em um abraço unificando-se em uma só figura. As formas perderam sua silhueta, reduzindo-se a um pequeno ponto fragmentado no vazio que aproximava-se, ao tocar, tornou-se um.

***

Isaac corria nas ruas da cidade, pessoas amontoavam-se nos mercados e gritavam em buscas de melhores preços. Era um jovem de não mais de vinte anos, acostumado com o caos matinal, aproveitava para fazer seu trabalho. Sua pele negra contrastava com sua roupa amarela. Em suas costas estava estampado o kanji, que era o símbolo de seu estilo de vida Ronin. Vivia como um samurai sem senhor, dono de si mesmo. Seu penteado era estiloso, tranças afros curtas jogados para uma direção, e as laterais da sua cabeça raspadas.

Conhecedor dos atalhos da cidade de Gaidan, com seus prédios altos e com luzes coloridas que contrastavam com uma pobreza severa nas ruas. Uma cidade moderna e ao mesmo tempo rústica. No horizonte haviam muralhas altas ao redor da cidade, para proteger os moradores dos perigos do mundo exterior. Do lado de fora era apenas um vasto deserto em todas as direções.

Isaac Era perseguido por um homem robusto que gritava o chamando de ladrão. Isaac olhava para trás e sabia que seu perseguidor não teria a menor chance de o alcançar, estava se divertindo. Em seu braço segurava uma peça desgastada e enferrujada, era o que precisava para concluir seu projeto.

— A peça é minha! — gritou ele mostrando a língua em deboche.

— Ladrão! Eu vi primeiro na pilha de descarte — gritava seu perseguidor.

— Eu peguei primeiro.

Do alto de um dos prédios dois homens bem vestidos observavam a movimentação da cidade, a perseguição lhe chamava a atenção. Seguravam um aparelho tecnológico peculiar, que poucos tinham acesso.

— Esta cidade tem dois usuários de fragmentos — disse um dos homens.

— Parece que este lixo vai nos dar alguns presentes úteis.

— O que vamos fazer, senhor?

— Por hora observar.

Do alto, com os olhos fixos em Isaac o viram desaparecer em pleno ar e reaparecer em uma ruela. Quase o perderam de vista quando ele desapareceu novamente e reapareceu mais distante. O jovem fazia com o cuidado de não ser visto pelas pessoas que transitavam nas ruas.

Isaac, empolgado em sua fuga, esbarra em um homem sentado que estava distraído fazendo sua comida. A grelha tombou no chão fazendo a carne rolar na areia. Isaac sentiu uma atmosfera estranha a sua volta e viu o homem levantar sem paciência. Era um andarilho, seu rosto estava coberto por um chapéu de palha e sua cintura cingida por duas katanas.

— Como ousa derrubar meu almoço?

— Sinto muito, não foi de propósito. Mas eu preciso ir.

O ar ficou ainda mais pesado e Isaac sabia que não se livraria tão fácil. O homem segurava o cabo de sua espada e estava pronto para atacar.

— Calma, calma, não precisamos fazer isso — disse Isaac dando um passo para trás cauteloso. — Eu realmente preciso ir, sabe. Depois nos falamos.

Isaac desapareceu e reapareceu a metros de distância. O samurai não pareceu surpreso com a incomum habilidade do jovem e o acompanhou com o olhar, deixando claro que não havia terminado. Isaac continuou sua fuga usando seus poderes de teletransporte. Possuía os poderes dos fragmentos, eram poucos que tinham essa dádiva e os riscos eram muito altos de mostrar seus poderes em público. Conseguia se teletransportar apenas a alguns metros de distância e usava com o máximo de discrição que conseguia.

Chegou a uma zona insolada da cidade, usada como um depósito de peças inúteis. Ali poderia voltar para seu esconderijo. Escutou passos vindos em sua direção, olhou para trás e viu dois homens vestidos com ternos bem alinhados se aproximando.

— Seus poderes são ilegais — disse o líder dos agentes.

Era um homem esguio, cabelos curtos e loiros, barba bem feita e um terno bem alinhado. Usava óculos redondos e luvas negras.

— Qualquer uso de poderes extraídos de fragmentos sem autorização do governo são considerados ilegais. Entregue-se por bem e tudo será resolvido sem problemas para você.

— Eu não sei do que você está falando, acho que me confundiu com outra pessoa.

— Não se faça de bobo, sabemos que tem o poder de dois fragmentos. Diga onde conseguiu e talvez podemos aliviar sua pena.

— Onde consegui… — Isaac respirava fundo tentando manter a calma. — Finalmente os cães do governo vieram me buscar, ne. Eu sei o que fazem com usuários de fragmentos, sei muito bem o que fazem.

— Que bom, encurtará nossa conversa. Sabe que não pode lutar contra o governo mundial, apenas obedeça as leis, garoto. Os fragmentos não são propriedade sua e sim do governo. Apenas o queremos de volta.

— NUNCA! Nunca vou me curvar e perdoar o que fizeram com meus pais!

Isaac estendeu sua mão para o céu e nuvens carregadas se formaram, sons de trovões ecoaram e um raio cortou o céu em direção a Isaac. A luz amarela ofuscou a visão dos agentes e o som se espalhou pelo lugar.

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Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

3 Comentários

  • Avatar

    Dainslief

    Eu achei uma história muito interessante e consegui captar perfeitamente a aparência e a personalidade do protagonista. Eu imaginei como se estivesse assistindo Arcane.
    Eu achei os últimos diálogos entre ele e os caras de ternos bastante corrida sem deixar sentir aquele clima de: “aí meu deus, ele foi descoberto e agora vai ser pego.”
    quando pensei que ele resistiria um pouco mais ao negar que ele não era quem eles estavam procurando mas não foi bem assim.
    De modo geral, adorei a ideia e quero continuar acompanhando.

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