Ronin Thunder
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Ronin Thunder | Capítulo 9: Decisão

Isaac arrumava suas pilhas de peças em sua dimensão particular. Organizava o que poderia ser considerado uma oficina ao lado de sua casa, feita de placas de metal encontradas em pilhas de descartes na cidade. Era um mecânico e assim se sustentava. Fazia suas invenções, assim como seu bastão armazenador de eletricidade. Gostava de criar, trabalhar em projetos desafiadores. Possuía compradores recorrentes de suas invenções. Não ganhava muito dinheiro, mas tinha o suficiente para se sustentar. Ajeitava seu estoque de comida e percebia que teria alimentos suficiente para mais alguns dias, e dinheiro para comprar se precisasse, mas não sabia como ficaria com a cidade ardendo em revoltas constantes, sabia que os preços subiriam e ele precisaria racionar.

Habituou-se a ficar sozinho em sua dimensão vazia, o clima era ameno, o ar puro. Não entendia o que fazia a dimensão existir, suas explorações no seu vazio interminável não chegava a lugar algum. A luz era produzida por seu gerador improvisado. Acreditava que era o único capaz de acessar a dimensão e a descobriu por acidente quando seus poderes se manifestaram. Era sua casa, gostava dela, um lugar que sentia paz, talvez o único lugar que poderia sentir-se seguro.

Fez seus treinos matinais, estava em forma e já habituado com seus poderes. Conseguia ir para mais distante com seu teletransporte, mas também adquiriu mais agilidade para se locomover quando usava seu poder. Seu corpo estava mais forte e resistente, o terceiro fragmento não lhe trouxe um novo poder e sim fortaleceu os que ele já possuía. Estava inquieto e com um estranho pressentimento que muitas coisas estavam para mudar.

Era hora de trabalhar. Precisava catar mais peças para continuar produzindo. Abriu seu portal para voltar a dimensão normal e ao sair em seu lugar secreto e longe da vista de todos, sentiu cheiro de fumaça. Seu esconderijo estava em chamas, deixou o lugar com o teletransporte e do lado de fora viu a cidade ruindo. Prédios pegavam fogo, gritos de desespero nas ruas, uma guerra civil fazia a cidade arder em chamas. Aproximou-se das ruas mais movimentadas e via confrontos dos rebeldes com as forças armadas da cidade. O confronto era diferente, sentia que era o último grito de liberdade dos manifestantes. Percebia que o número dos rebeldes havia aumentado, novas pessoas se juntavam a causa, mesmo sem uma organização, lutavam da forma que conseguiam. Carros queimavam, crianças choravam, armas de fogo eram disparadas. Os rebeldes não tinham chance e recuavam. Dispersavam-se em números menores para despistar os soldados. Isaac presenciava o que poderia ser o fim das lutas por liberdade na cidade. Seguiu um dos grupos que fugiam de forma discreta. Os soldados ficaram para trás e eles continuaram seguindo. Chegaram ao que seria um esconderijo dos rebeldes, e Isaac observava de longe, a passagem era secreta, uma pequena fresta ao lado de escombros de pedras. Isaac se aproximou e se teletransportou para dentro do esconderijo.

— Não podemos desistir! — ouviu Tom gritando. Seu rosto estava ferido e seu corpo muito machucado.

A pequena multidão estava em estado deplorável, todos estavam feridos em algum grau. Muitos mal conseguiam ficar de pé, ele se misturou entre os manifestantes.

— Barone está muito ferido — Tom continuou dizendo com dificuldade para se manter de pé. — Fomos traídos, os novos agentes que chegaram sabiam do nosso plano, fomos traídos. Lutamos por nossa liberdade, para o bem das pessoas que moram aqui e somos apunhalados dessa forma? Isso não pode ser justo, esse não pode ser nosso fim.

Os rebeldes gritavam indignados em resposta, concordando com Tom.

— Eu vou continuar lutando até minha forças acabarem. Não conheço mais nada além dessa luta, não sei fazer mais nada além de lutar por liberdade. Se esse for nosso fim, o fim de tudo que brigamos para conseguir, saibam que morrerei sabendo que lutei pelo que é justo. Eu continuarei lutando, meus irmãos. Vingarei cada um que caiu hoje. Foram muitos… — ele fez uma pausa para não chorar. — Mas não vou desistir, eu não posso!

— Eu também não vou! — alguém gritou na multidão e outros repetiram.

— A batalha que começamos ainda não acabou — Tom voltou a dizer — ainda temos força, ainda podemos lutar!

Isaac presenciou com atenção a força e a coragem dos rebeldes. Estava indignado por ter se escondido por tanto tempo. Sabia que poderia ter ajudado na luta, poderia fazer a diferença, mas seus receios o haviam feito um omisso e se culpava. Seu coração enchia-se de raiva e ali tomou sua decisão.

Naquele momento um forte estrondo rompeu a parede do esconderijo. Soldados se alinhavam para uma invasão, protegidos com seus escudos. Os rebeldes recuaram tentando entender o que estava acontecendo, estavam feridos demais para reagir. Isaac concentrou seu poder de raio na mão e disparou com toda a força que conseguia. A luz amarela se espalhou pelo lugar e os soldados foram arremessados para longe com a força do impacto. Os rebeldes olhavam incrédulos. Isaac levantou a mão e urrou se dirigindo a entrada criada pelos soldados. Os rebeldes gritavam comemorando. O esconderijo estava cercado por um exército e Isaac os encarava, havia tomado sua decisão e não haveria volta. Sua luta iria começar.

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Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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