Memória de um Soldado
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Memórias de um Soldado #10: Contra-ataque

Lembrava de tudo que havia passado para chegar até ali. Todos os treinos exaustivos, as noites em vigília, os amigos perdidos, a crueldade com o casal de caçadores. Tudo isso servia para aumentar meu ódio. Para ser sincero, já não tinha muitas esperanças de sair vivo. O exército de mercenários se espalhavam, era questão de tempo me encontrarem. Continuava caminhando pela floresta, tentando fazer o mínimo de barulho. Pensava nas minhas alternativas. Estava pronto para morrer, e se fosse a minha hora, preferia que fosse lutando até o fim das minhas forças. A chuva me ajudava a ser mais furtivo. Precisava correr, mas eu queria lutar. Queria vingar a morte de todos os que conheci nesses dias que estive na torre de vigia. Minhas chances eram pequenas, não precisaria enfrentar todos, apenas os que estavam no meu caminho.

Avistei o primeiro mercenário passar próximo de mim, me escondi atrás de um arbusto e esperei ele passar. Cravei uma faca em seu pescoço e segurei seu corpo para não cair no chão. O revistei e encontrei uma corda, seria útil. Escondi o corpo e continuei avançando pela floresta. Precisava chegar a um lugar para anular minha desvantagem numérica. Mais a frente encontrei uma caverna e decidi que ali seria o lugar que lutaria. A caverna era pequena, estava escura. Peguei pedaços de madeiras e comecei a finca-las no chão. Enrolei a corda deixando ela no escuro, criando uma dupla armadilha, não iria parar os mercenários, mas me daria tempo. Preparei as flechas e esperei ali no escuro. Sabia que estavam próximos, escutava suas vozes cochichando, se eu continuasse me alcançariam sem muita dificuldade. Alguns estavam a cavalo.

Escutei as vozes deles se aproximando e me preparei. Começaram a vasculhar a entrada da caverna. Eram dois e pareciam se divertir na busca. O primeiro acionou a armadilha e a madeira enterrou em sua perna o fazendo gritar. Acertei o outro com uma flecha e depois acertei o que estava no chão. Iria atrair os que estavam próximos e eu precisava mudar a minha localização. Me escondi em uma árvore próxima e esperei.

Mais três mercenários se aproximaram e viram os corpos de seus companheiros sem vida. Vasculhavam a caverna e eu acertei uma flecha nas costas do que ficou para trás. Os outros dois procuravam a direção que veio a flecha e eu aproveitei para acertar o segundo. O terceiro mercenário se defendeu com seu escudo e seguiu em minha direção. Saquei minha espada e o enfrentei. Não o deixei contra-atacar, o golpeei com o ódio estava dentro de mim, ele caiu e eu atingi a perna dele, foi quando ele abriu uma brecha e eu o finalizei.

Corri para dentro da floresta e percebi que estava sendo perseguido por mercenários a cavalo. Eram dois. Um deles arremessou uma lança e quase me atingiu. Corria a toda velocidade e trocava de direção frequentemente. Pulava árvores caídas, pedras, o que pudesse atrasar os cavalos. Ainda estavam próximos e eu usei uma árvore para me proteger do ataque que viria por cima.

Arremessei uma faca no cavalo do mercenário que estava mais próximo, odiei ter recorrido a isso, mas não tinha opções. O cavalo relinchou e derrubou o mercenário. O segundo investiu contra mim e eu desviei rolando no chão. Finquei minha espada no inimigo que estava preso em baixo do cavalo e pequei a lança que ele segurava. Novamente o outro correu na minha direção. Mirei a lança e arremessei. Ele caiu sem vida e eu senti uma dor aguda. Ele havia me atingido com a espada no meu ombro. O sangue começou a jorrar, não parecia ser muito profundo, mas era a pior dor física que tinha sentido até aquele momento.

Peguei o cavalo do mercenário e cavalguei em direção a fortaleza. A perda de sangue me enfraquecia, lutava para ficar acordado. Continuei até o fim da floresta e aproveitei a planície para me distanciar do exército que me perseguia.

Foram dias difíceis até chegar a fortaleza. A ferida infeccionou e eu quase morri muitas vezes. Os inimigos ficaram para trás na floresta. Foi uma luta de sobrevivência. Havia perdido as rações de viagem que Lyunis me entregou. Sobrevivi a base de frutas e animais que consegui caçar. Ao terceiro dia de viagem, soldados aliados me encontraram, viram minhas fogueiras maiores que o necessário, e enviaram um grupo para investigar. Não teria sobrevivido se não fossem eles. Me encontram desmaiado e ardendo em febre. Tive sorte, não resistiria mais um dia.

Expliquei toda a situação a caminho da fortaleza e tiveram tempo para se prepararem para o ataque iminente. Eu não estava em condições de lutar, só podia rezar para conseguirmos vencer. A batalha aconteceu enquanto eu estava sendo tratado, só pude escutar os sons familiares. Sem a surpresa, o exército mercenário não conseguiu vencer, mas foi uma batalha difícil. Perdemos muitos soldados.

Eu finalmente pude descansar. Mas esse ataque era sinal que muitos outros viriam após. E eu precisava voltar para minha vigília.

Capítulos

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Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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