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Início das Nações | Contos da Admirável Mehra | 1º ERA
No início fiquei por muito tempo escondido, me recuperando do ferimento em meu peito. Por alguma razão eu sentia vergonha, e mesmo sem entender, eu sentia culpa. Após muitas estações, mais do que eu conseguia contar, sai do meu cativeiro imposto por minha falha. Era imaturo para entender tudo que mudava em mim. Me vestir com trapos que fiz com couros dos animais que me alimentei, inspirei até preencher completamente meu peito e senti uma dor em meu torço, onde a marca que nunca cicatrizou, pulsava. Após tantos anos de escuridão, ver enfim a luz do dia fez meus olhos lacrimejarem. Não era tristeza, sim, alívio. Notei muitas mudanças em…
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Minha Liberdade | Contos da Admirável Mehra | 1º ERA
Caminhava pela criação de Mehra. As árvores frondosas balançavam com o vento, não muito distante escutava as ondas do mar. Criaturas únicas de sua espécie passeavam em paz. Eram de todos os tipos, algumas eram maiores que qualquer árvore, outras chegavam a ser tão altas quanto montanhas. Seus aspectos eram de feras, mas não havia nada que perturbasse sua paz. As criaturas aladas sobrevoavam as planícies verdejantes, suas cores variavam de tons vibrantes a mais discretos. Suas asas longas capazes de suportar seus pesos batiam com suavidade. Era um mundo sem mácula até aquele momento. Continuava minha exploração habitual, tudo era novo para mim, e essas terras nunca cansaram de…
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A Criação de Mehra | Contos da Admirável Mehra | 1º ERA
A escuridão tomava o lugar, e uma leve brisa pairava sobre o ar. Uma sensação estranha, até me tocar que era a primeira sensação que lembrava ter sentido até aquele momento. Meus olhos se acostumavam com a ausência de luz e um brilho tênue se aproximava. Diante de mim a luz revelou um ser pálido, diria um tanto disforme, imitava meus movimentos e foi quando percebi que eu possuía corpo. Tentava entender o que via. — Sou eu? — me perguntei. Mas quem me responderia. Ao elevar minha mão a criatura senti como se algo me impedisse, e tudo ficava turvo como uma gota ao cair em um lago estático.…
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Memórias de um Soldado #10: Contra-ataque
Lembrava de tudo que havia passado para chegar até ali. Todos os treinos exaustivos, as noites em vigília, os amigos perdidos, a crueldade com o casal de caçadores. Tudo isso servia para aumentar meu ódio. Para ser sincero, já não tinha muitas esperanças de sair vivo. O exército de mercenários se espalhavam, era questão de tempo me encontrarem. Continuava caminhando pela floresta, tentando fazer o mínimo de barulho. Pensava nas minhas alternativas. Estava pronto para morrer, e se fosse a minha hora, preferia que fosse lutando até o fim das minhas forças. A chuva me ajudava a ser mais furtivo. Precisava correr, mas eu queria lutar. Queria vingar a morte…