Ronin Thunder
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Ronin Thunder | Capítulo 3: Rebeldes

Dannie observava seu radar em busca de respostas para suas suspeitas. Atenta aos detalhes e sempre curiosa, percebia que havia quatro portadores de fragmentos na cidade de Gaidan, indicando que precisava ter cuidado redobrado. Dois estavam juntos e poderia indicar serem agentes, mas não teria como ter certeza. Caminhava com cuidado pela rua. A pobreza a incomodava, sentia um aperto no peito ao ver a quantidade de pessoas sofrendo nas ruelas. A fome era severa na região, mas não para todos. Seus estudos arqueológicos a levavam para muitos lugares, mas em Gaidan sentia algo diferente. O povo andava nas ruas inquietos, sentia como se fosse uma cidade prestes a explodir. Pequenos tumultos podiam ser vistos em lugares diferentes por motivos banais ou por questões mais passionais. Sabia que precisava tomar cuidado, era uma região hostil, ainda mais para alguém como ela.

Era uma jovem mulher, usava roupas discretas com o objetivo de se misturar na multidão. Seu cabelo era negro a meia altura. Seus olhos sempre atentes eram castanhos claros.

Próximo de onde estava presenciou soldados empurrando manifestantes que protestavam contra o governador da cidade. Bombas de fumaça foram disparadas e ela se distanciou ao máximo. A insatisfação com o líder da cidade era evidente em cartazes grosseiros nas paredes e em postes. Muros estavam pichados com xingamentos ao governador Vério Salaman III. Caricaturas exóticas estavam espalhadas em papeis jogados ao chão. Sentia que dias violentos estavam por vir.

Suas investigações levavam aquela cidade, que vivia tempos difíceis. Descobriu que no passado, Gaidan registrou muitos casos de descobertas de fragmentos. E assim tornou-se uma região muito cobiçada por poderosos. Sendo um garimpo de matérias misteriosos na época, não demorou para ser explorada até não restar mais nada além de miséria.

Continuou caminhando e viu um rebelde com um estilo que se destacava dos demais. Parecia ser o líder de um grupo que lutava contra soldados do governador. Usava uma jaqueta de couro e ostentava um grande topete. A luta saia do controle, tornava-se agressiva. Os rebeldes avançavam armados com barras de ferro e os soldados revidavam com ainda mais violência. Ela se afastava para não se envolver na disputa, mas o líder da revolta correu em sua direção, estavam sendo massacrados. Seus avanços não surtiam efeito contra os escudos dos soldados. O líder avistou Dannie e parou por um instante impressionado com a jovem à sua frente. A beleza da jovem era simples, mas chamou atenção. Ameaçou falar algo a Dannie, mas teve que desistir da ideia de se aproximar devido a perseguição dos soldados. A arqueóloga continuou estática onde estava e todo o caos passou diante dos seus olhos e se distanciou. Respirou aliviada e pensou se aquela seria a rotina da cidade.

Continuou seu caminho em direção a biblioteca central e sentiu o ar pesado a sua volta, um clima estranho, que não era capaz de identificar. Soldados faziam rondas nas ruas em busca de mais rebeldes e a ignoravam. À sua frente, percebeu a presença do governador acompanhado de dois agentes. Não foi difícil identificá-los por causa de suas aparentes características, vestidos com ternos bem alinhados. Os viu caminhando para um lugar discreto e decidiu segui-los.

— Esses rebeldes estão por todos os lados! — ela ouviu o governador dizer e ele parecia assustado e irritadiço.

Dannie os seguia com discrição até chegarem onde estava o veículo do governador. Não conseguia sair devido as manifestações, seria um alvo fácil. Esperava os soldados afastarem os rebeldes para partir em segurança junto dos agentes. Permanecia escondida atrás de uma lixeira e escutava com dificuldade devido à distância.

— Façam alguma coisa. É para isso que estão aqui não é — o governador insistia. — Já não basta os problemas com aqueles criminosos. Como esses malditos conseguem esses poderes? Vocês precisam dar um jeito neles e rápido.

— Ele são muito poderosos — o agente Cronos dizia aparentando impaciência. — E com toda essa zona, não será tão fácil.

— Chamem reforços do governo central. Precisamos de mais força, chamem mais agentes. Porque se algo acontecer comigo, vocês não vão ter o que combinamos.

A agente que acompanhava Cronos não parecia nada satisfeita com o tom de voz do governador Vério. Tinha uma aparência rígida, cabelos longos e maltratados. Mantinha seus braços cruzados e em silêncio.

— Chamem reforços. Eu exijo que chamem! Não vou falar novamente. Chamem ou vou garantir que sejam punidos pelo governo por irresponsabilidade.

Cronos o olhou sério, ajeitou seu óculos, respirou fundo e sorriu de forma perturbadora.

— Continue com seu tom de voz e eu… — Dannie não conseguiu escutar, o agente falou em um tom que apenas o governador conseguiria ouvir. Vério tremeu, encostou no carro tentando manter as pernas firmes. — Mas eu chamarei reforços, mas entregue o livro.

— O combinado era entregar depois — disse Vério com a voz trêmula.

— As circunstâncias mudaram e nosso acordo mudou.

— Tudo bem. Eu entregarei o livro, mas livre-se desses malditos rebeldes — o governador fez uma breve pausa e completou. — Por favor.

— Agradeço por você ser um homem tão sensato.

Houve um grande som de explosão próximo de onde Dannie estava escondida e os agentes olharam em sua direção. Ela se escondeu e seu coração acelerou. Se fosse descoberta seria seu fim, conhecia as consequências de saber demais. Tentava manter a calma e ouvia gritos por todos os lados e novas explosões. Passos lentos aproximavam-se. Os passos estavam cada vez mais próximos e parecia procurar por algo. Dannie segurava sua respiração, agachada retraindo seu corpo.

— Cronos! — chamava a agente. — Para onde está indo? Precisamos sair daqui.

— Pensei que tinha visto uma coisa — a voz de Cronos estava próxima. — Mas deve ter sido impressão minha.

Dannie ouviu os passos do agente se afastando. Respirou aliviada. Estava imóvel e decidida a ficar parada onde estava, ela não percebeu, mas foi por isso que não havia sido descoberta. Cronos havia usado seu poder e qualquer movimentação futura seria prevista. Escutou o carro do governador se distanciando pela ruela que estavam, buscando uma rota alternativa as manifestações. Os conflitos estavam por todos os lugares e aceleravam sem se importar com quem estava à frente.

A arqueóloga continuou onde estava, tentando entender tudo que estava acontecendo. Precisava cumprir seu objetivo na cidade, sua pesquisa era a última esperança que lhe restava. Ficou curiosa para descobrir do que se tratava o livro mencionado, os agentes não costumam buscar o que não era de grande utilidade para o Governo Mundial. Temia o que poderia acontecer.

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Sinopse

Lenna, uma renomada caçadora de titãs, com sua companhia, é enviada para investigar uma cidade em ruínas que dizem ter sido devastada por um ataque de titã. Após uma batalha noturna, sua vida corre perigo e precisa contar com a ajuda de um jovem misterioso para sobreviver.

A Era dos Titãs

Guilherme Orbe

Desenhista, escritor e sonhador. Comecei a criar histórias na infância e nunca mais parei. No começo me dediquei as histórias em quadrinhos, onde desenvolvi minhas habilidades de desenho. Hoje me dedico a literatura, e transformo minhas histórias em livros. Criar histórias é meu passatempo favorito.

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